Mas porquê que agora só falas em Minimalismo?

9/08/2016

Esta é uma palavra que têm encontrado por aqui no blog. Essencialmente pela inspiração neste tipo de decoração. Mas já há algum tempo que me queria debruçar sobre este tema, para explicar que não se tratar apenas de uma tendência no mundo decor. Com casas brancas de inspiração escandinava, móveis brancos salpicados com acessórios entre o cinzento, preto, dourado e bronze, com toques de verde das plantas que se espalham pelas casas.
É mais do que isso, é um estilo de vida e também um hot topic que tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, seja no tipo de consumo de bens que é feito seja pelos valores que são atribuídos a esta questão. 
O Minimalismo é algo único para cada pessoa. Cada um terá a sua definição e um porquê de começar a interessar-se por este estilo de vida. O meu começou essencialmente pela decoração que me atraía e me fazia e faz sentir bem quando faço scroll no pinterest sobre este assunto. Mas rapidamente as minhas pesquisas foram-se alargando e eu que adoro temas sobre organização pessoal e em casa cheguei a um mundo de informação neste campo.
Passei a ler livros sobre o assunto, a navegar em cada vez mais blogs e a ler mais revistas que me sabem bem aos olhos. 
Temos várias vertentes: a da organização e decluterring de coisas que possuímos, sejam roupa, diversos, livros, etc; a que vive assente sobre o tema do simple living - leiam a Kinfolk que eles são os maiores nisso; a que se prende com a mudança dos hábitos de consumo devido à crise financeira que se vê um pouco por todo o mundo; a do excesso de consumo; a da preocupação ambiental. Mas todos se baseiam no mesmo.

O que importa aqui perceber com base neste princípio é como estamos a gastar a nossa vida, leia-se em como estamos a crer viver e experienciar a nossa vida.
Sociologicamente este é um tema interessante. Um dos princípios do minimalismo passa por identificar os itens que são essenciais e os que não são para a nossa vida. O que nos faz realmente felizes (ou como refere Marie Kondo, os itens que espalham alegria - um tema que vou falar noutros posts) e o que faz sentido manter connosco e a influenciar o nosso espaço. 
Num mundo em que o consumo é desenfreado e não racional - quando compulsivo, a crise veio mudar muita coisa. As pessoas passaram a ter que se habituar a um estilo de vida para o qual não estavam preparadas e que os cartões de crédito já não podiam mais suportar. As compras eram feitas e - ainda o podem ser para algumas ou para a maioria das pessoas -, como meio para a felicidade. Acontece que esta felicidade é mascarada por uma ansiedade que se traduz de seguida num vazio enorme. A compulsão por algo novo na nossa vida leva-nos aos 5 minutos de emoção finais durante a estada na fila para pagar, tirar o cartão do porta-moedas e puff... Foi-se o momento e talvez se precise de algo novo muito em breve para prencher outro vazio que não tardará a chegar. 
Por isso devemos focar a nossa vida em experiências e em direccionarmos-nos para aquilo que nos faz realmente felizes - tempo de qualidade connosco próprios e com quem nos faz sentido.
Assim sendo, vejo o crescimento pelo tema minimalismo também como um reflexo dos tempos em que vivemos. Tempos de adaptação a um tipo de consumo diferente, mais lógico, mais essencial, mais funcional.
Outras pessoas encontram no minimalismo e na diminuição do consumo um decréscimo na exploração dos recursos da Terra, com base nas suas preocupações ambientais. Outros apenas encontram no minimalismo um fim estético com base no design funcional. A redução dos objectos ao seu principio fundamental de existência e aplicabilidade começou com o termo minimalist art nos anos 20, que cresceu e se espalhou durante as décadas de 60/70 nas mais diversas àreas da arte, acabando por nos levar por fim até ao design moderno.
Uma outra razão porque este tema me fascina tanto é a dicotomia entre o avanço no tempo e a velocidade a que o mundo de hoje vive e a procura constante que todos temos por abrandar o ritmo das nossas vidas. Não vivemos o presente como deve de ser, estamos sempre no amanhã ou naquilo que era para ontem. Não estamos conscientes e precisamos de estar. Às vezes sinto que nem estou 'aqui', tal é a velocidade em que estou. 
O minimalismo entra aqui a pés juntos e vota no slow living - uma vida com menos distracção, mais consciente do momento presente, com menos stress. 
O processo de organização e decluttering que falo não tem que ver só com organizar as nossas casas, mas sim as nossas mentes que diariamente são invadidas por informação desnecessária ou que tem o único propósito de 'nos distrair'. Não precisamos de mais distracção do presente, já temos estímulos negativos suficientes para tal.
É por isto que me tenho entusiasmado tanto com este tema e que irá continuar a pairar por aqui. Espero que também seja uma boa inspiração para vocês tal como tem sido para mim.

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