De Cá para Lá #1: Catarina, Escócia

2/23/2017

De Cá, Para Lá. Foram os meus amigos, os vossos amigos, os meus conhecidos e os vossos.
Todos nós temos alguém que pegou na mochila, no que seria sensato levar e saiu do país para alargar horizontes. Para aprender mais, para ter um trabalho melhor, para sair da zona de conforto. 
São muitas as razões que nos levam a sair da bolha, todas elas diferentes. Mas acredito que há um ponto comum em todas elas. 

Esta é a nova série do EP: Estórias e Pessoas, e é o De Cá Para Lá, pelas palavras de quem se mandou lá para fora e está a viver essa experiência. Vamos buscar inspiração neles, pegar na mochila e seguir viagem? Ok. 
A primeira é a Catarina.
Bem vindos ao De Cá Para Lá.

#1 A CATARINA EM EDIMBURGO, ESCÓCIA

Chamo-me Catarina e tenho 24 anos. Não saí de Portugal por necessidade, mas por
curiosidade e ambição. Queria ver para além do horizonte e expandir o saber, transportando
comigo a cultura Portuguesa, sempre.


Neste momento estou a terminar a minha licenciatura em Gestão de Eventos, na cidade de
Edimburgo, na Escócia. Esta não é a minha única ocupação, desde o Verão de 2016, sou
embaixadora estudante e colaboro com a Asia Scotland Institute. Uma instituição que visa
estabelecer fortes ligações entre a Escócia e a Ásia, através de eventos e conferências, de
modo a promover aprendizagem, novos negócios e multi-culturalismo entre os dois
mercados.


Sair do país

Apesar de Edimburgo ser um sítio frio, aquece-nos o coração com a seu ambiente acolhedor e místico. Aqui, aprendo muito, não só academicamente, mas também com a liberdade que a vida toma. É um sítio que oferece uma condição, a de não haver uma. A multiculturalidade e o espírito inovador da cidade, permite uma criatividade e um envolvimento tal, que nunca antes tinha experienciado. Por isso, fico.

O eu de agora e o eu de quando estavas em Portugal

Essencialmente e naturalmente, cresci. Alarguei conhecimento, abri a mente e permiti conhecer-me a mim mesma. Não é tão fácil como parece. Nunca queremos tocar naqueles cantos escuros do nosso ser, com medo do julgamento pessoal e dos outros. Mas a beleza de sair, não só do país (porque esse é apenas um método), mas sim da zona de conforto é que as regras do jogo mudam, e de um momento para o outro, esses cantos escuros, deixam de ser escuros e passam a ser da cor que bem se entende.

Tenho muita sorte, já vivi em 4 países diferente (Portugal, Espanha, Escócia e Estados Unidos). Através da minha primeira licenciatura em Lisboa, tive a oportunidade de fazer Erasmus em Madrid.


De seguida, porque faz parte da minha natureza irrequieta, mudei-me para Edimburgo, onde iniciei o que é a minha segunda licenciatura, e no ano passado, pelo mesmo método de intercâmbio, tive o privilégio de viver em San Diego, na Califórnia. É impossível não aprender nada e estagnar o ser quando somos expostos ao mundo desta maneira. São viagens que se tornam nós. São pedras no meu caminho, que guardo, para um dia construir o meu castelo (‘roubei’ esta ao Pessoa).


Prós e contras do país em que estás vs Portugal

Gosto muito do meu Portugal. Estou sempre a introduzir curiosidades, histórias e estórias, nas conversas que tenho pelo mundo, de modo a expandir as fronteiras portuguesas, nem que seja só em pensamento e ideias. Como todos os outros países, Portugal tem altos e baixos. Um dos pontos menos bons que sempre reparei e só se tornou mais evidente estando 4 anos fora do país é a condição implementada por raízes velhas da cultura. Isto verifica-se na a típica mania de julgar e adicionar um ‘ponto’ em assuntos alheios, ou arrisco-me a dizer, assuntos diferentes do ‘normal’. A cultura portuguesa, apesar de representar o instinto natural de tomar rumo ao novo, ainda se prende muito ao cais. Mas nada contra, faz parte, ‘de grão a grão enche a galinha o papo’ - já o velho dizia. Enfim, foi
mais por impaciência e ‘ganância’ de querer conhecer o lado de fora do barco, e saber se conseguia nadar, do que outra coisa qualquer, a verdadeira razão que me levou a saltar. Acerca de Edimburgo, sinto-me em casa. Não porque me mudei e "remobilei". Portugal também é casa. A minha casa apenas tornou-se maior e mais completa. Só um senão, não suporto o frio.



A tua vida antes e agora

É uma questão pertinente. Vivia situações diferentes e estava submergida em outras prioridades e ideias mais familiares ao momento. Sinto que continuo a mesma personalidade, com uma colecção de saber e experiência maior, que navega constantemente entre dimensões sociais e culturais. Por isso, se tiver que comparar a vida do antes e do agora, creio que a grande diferença está na possibilidade de o fazer, e de o saber fazer, o melhor que posso. Agora, sou uma pessoa mais confiante e tolerante, algo que me ajuda a adaptar facilmente em ambientes diferentes e a desafios mais inesperados.


fotos: Catarina Guerreiro

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