DE CÁ, PARA LÁ #4: A MARGARIDA, BÉLGICA/LONDRES

3/14/2017

O meu nome é Margarida, tenho 27 anos e sou arquitecta. Saí de Portugal em Janeiro de 2014 para Antuérpia, na Bélgica, onde vivi cerca de 2 anos e meio. Agora, estou em Londres, desde Abril de 2016.


● Sair do país

Um misto de curiosidade e necessidade. A minha ideia era ficar por Portugal, assim que terminasse o curso. Fazer um estágio de um ano e depois então, ir para fora por mais um ou dois anos para alargar a minha experiência.
No entanto, apercebi-me rapidamente que o melhor é não planear demasiado. A procura de trabalho em Portugal não foi de todo o que esperava. As condições profissionais, a falta de trabalho na área aliadas à minha selectividade tornaram a tarefa impossível.
Decidi então que uma inversão do plano original pudesse fazer mais sentido, e enviei portfolios para fora. A ideia de sair sempre me entusiasmou. Lembrava-me sempre do quanto gostei de estar fora quando fiz Erasmus, dos sítios e pessoas que conheci, da independência que conquistei e do crescimento profissional e pessoal.



● O eu de agora e o eu de quando estavas em Portugal


É difícil fazer uma comparação directa, porque a minha imagem de mim própria em Portugal é a de estudante, de viver em casa dos meus pais. Fora, trabalho e levo uma vida “mais adulta”.
Em qualquer dos casos, sair da nossa zona de conforto para um lugar desconhecido faz com que nos conheçamos melhor, e testa-nos continuamente. Em ambos os países que vivi/vivo, fui um pouco ao desconhecido, tanto em relação às cidades como às pessoas. O que inicialmente não é nada fácil, mas a longo prazo bastante gratificante. Hoje em dia, posso dizer que conheci lugares e pessoas incríveis graças a esta decisão.
É engraçado, que façamos parte de uma geração em que sair do país já é algo normal. Em Londres então, são raras as pessoas que não o fizeram. O que torna bastante fácil a integração e a vontade de ambas as partes em se darem a conhecer.


● Prós e contras do país em que estás vs Portugal


Estar fora faz-me ser mais crescida. Sinto-me mais tolerante e grata por poder conviver diariamente com pessoas de cada lado do mundo. Londres é uma metrópole multicultural. E agrada-me bastante o impacto que isso tem na oferta da cidade. A diversidade é a chave para satisfazer qualquer tipo de gostos. E é constante. É uma cidade que não pára.
Estar fora faz-me também poder ser independente, o que valorizo muito. Sinto que o meu trabalho é apreciado e ganho bastante melhor. O dinheiro não é o mais importante, mas permite-me viajar, sair, fazer coisas, e comprar outras, prescindíveis. Julgo que provavelmente teria de sacrificar mais se estivesse em Portugal.


Como muitos se não todos diriam, ficam sempre as saudades, do sol, que nunca valorizámos o suficiente, e do mar. Dos lugares que nos deixam nostálgicos, da família, dos amigos de sempre.
No entanto, sinto-me sortuda. Estar fora fez-me perceber ainda mais, o quão bons amigos tenho, o quanto a minha família me apoia e o quão bonito o meu país é. Faz-me mais rica pelas novas pessoas que se acrescentam, mais culta pelos lugares que passei a conhecer, e mais confiante como pessoa.

fotos: Margarida Pereira

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